domingo, abril 01, 2007

Seminário Segurança Marítima “Em Defesa da Vida Humana" decorreu ontem nas Caxinas

"A desburocratização dos meios necessários para operações de socorro no mar, de forma a assegurar a sua rápida utilização, foi uma das principais reivindicações aprovadas no seminário sobre segurança marítima, que decorreu este sábado nas Caxinas, Vila do Conde

O documento final do encontro inclui mais de uma dezena de reivindicações, entre as quais se destaca a «correcta e eficaz coordenação dos meios marítimos e aéreos, públicos e privados, desburocratizando a sua rápida utilização sem a fazer depender dos custos».

Os participantes neste seminário, promovido pelo Sindicato dos Pescadores da Pesca Norte, defenderam ainda a necessidade de existirem «rebocadores de alto mar em prontidão permanente e em número suficiente para cobrir toda a costa».

A melhoria dos meios marítimos e aéreos envolvidos nas operações de salvamento marítimo foi outra das reivindicações aprovadas, assim como a necessidade do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) funcionar durante 24 horas. O ISN deve ainda ser dotado com o quadro de pessoal necessário, estimado em 200 profissionais «no mínimo», com a correspondente formação e reciclagem específica para funções de salvamento.

Neste encontro foi também defendida uma análise aprofundada das conclusões das auditorias às operações de salvamento e resgate realizadas na sequência dos acidentes com os barcos de pesca 'Salgueirinha' e 'Luz do Sameiro'. Esta reivindicação, «mais do que apurar as devidas responsabilidades», pretende criar condições para que sejam «corrigidas falhas e erros».

Na longa lista de reivindicações consta ainda a implementação de estruturas em terra que permitam o normal funcionamento do Sistema de Comunicações para o Salvamento Marítimo, bem como a reactivação dos postos de rádio existentes nas delegações da DOCAPESCA.

O reforço das acções de formação dos pescadores e a sua sensibilização para a utilização de meios de segurança adequados foram outras das medidas defendidas pelos participantes neste seminário, que também pretendem a melhoria dos molhes e das entradas das barras e o reforço da sinalização marítima.

O seminário, que decorreu no Salão Paroquial das Caxinas, Vila do Conde, contou com cerca de uma centena de participantes, incluindo representantes do Estado-Maior da Armada, Direcção Geral das Pescas, capitanias, autarquias e empresas ligadas ao sector, além de deputados da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas.

A iniciativa, que teve como tema central «Em defesa da vida humana», incluiu uma homenagem aos pescadores que morreram em consequência de acidentes e naufrágios, a simulação da utilização de meios de salvamento e a apresentação de novos fatos de oleado para pescadores, mais maleáveis e que já incluem coletes salva-vidas."

Fonte: Diário Digital / Lusa - 31-3-007






"Pescadores e armadores querem que o Governo tome um conjunto de medidas que passam pela entrada em funcionamento, 24 horas por dia, do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), o que só será possível, «com um reforço de, pelo menos, 200 funcionários, com formação específica». Esta é apenas uma das mais de dez exigências feitas ontem, no decurso de um encontro, promovido pelo Sindicato das Pescas do Norte, e que juntou em Caxinas, Vila do Conde, centenas de pessoas ligadas à pesca.

A correcta e eficaz coordenação dos meios marítimos e aéreos, da Marinha, Força Aérea e Protecção Civil, a existência de rebocadores de alto mar em permanência, com capacidade adequada e em número suficiente para cobertura de toda a costa, bem como a reactivação dos postos de rádio existentes nas delegações da Docapesca, fazem também parte do extenso rol de pretensões que os homens do mar querem que o Governo resolva a curto prazo.

No encontro foi também defendida uma análise aprofundada das conclusões das auditorias às operações de salvamento e resgate realizadas na sequência dos acidentes com os barcos ‘Salgueirinha’ e ‘Luz do Sameiro’. Esta reivindicação, “mais do que apurar as devidas responsabilidades”, pretende, segundo o sindicato, criar condições para que sejam “corrigidos falhas e erros”.

A questão da formação dos pescadores foi também amplamente debatida. Cristina Moça, assistente social da Mútua dos Pescadores, foi uma das vozes a ressalvar que «não basta ter meios é preciso saber usá-los».

«Muitos pescadores não aprendem a utilizar determinados equipamentos que têm a bordo, o que impede o seu salvamento. Não sabem utilizar as jangadas e pedem socorro por rádio sem estarem no canal de escuta», salientou.

Os pescadores homenagearam ainda, à margem do seminário, «todos aqueles que morreram no mar». Pescadores, familiares, amigos e entidades oficiais rumaram até à praia e, após uma pequena cerimónia religiosa, atiraram flores ao mar. Elsa Pereira, 61 anos, a quem o mar “levou, há uns anos, um filho e alguns primos” disse ao CM que «a morte deixa uma dor que nunca mais se apaga».

Também Virgínia Pontes lembrava a madrugada do dia 19 de Outubro de 2004, quando perdeu seis familiares, no naufrágio da ‘Salgueirinha’ à entrada do porto de Aveiro. É por isso, disse, que »trazemos connosco uma grande tristeza e o que nos vale é que quando alguém morre, não chora só um, choramos todos».

Iracema Eusébio lamentou o facto de o mar «ser traiçoeiro». »Mas este é o nosso modo de vida. Morremos com ele, mas sem ele não sobrevivemos».
"

Márcia Vara

Fonte do texto : Correio da Manhã /Lusa - 31-3-007





"Os sinos da igreja de Caxinas anunciavam o meio-dia quando, na esplanada, a multidão rezava pelos que faleceram no mar, enganchados a lutas e labutas. Após a celebração litúrgica, centenas de pescadores e familiares de Caxinas, Vila do Conde, em pesado silêncio dirigiram-se ao mar. Numa homenagem de gratidão, lançaram flores ao Atlântico, então bonanceiroso, com a espuma em forma de renda de bilros a molhar-lhes o calçado.

Depois, no seminário sobre "Segurança marítima" os pescadores, denunciaram a falta de articulação entre os meios de salvamento, marítimos e aéreos, públicos e privados. E lançaram um SOS: há que desburocratizar, tendo em vista a sua rápida utilização «sem fazer depender a mesma dos custos».

Pretendem que o Instituto de Socorros a Náufragos funcione durante 24 horas, com um quadro de pessoal de 200 profissionais, no mínimo. Para os pescadores, urge implementar um sistema em terra que permita o normal funcionamento do Sistema de Comunicações para o Salvamento Marítimo.

Querem, igualmente, harmonizar o serviço de busca e salvamento. É que Portugal, disseram, é o único país da União Europeia que não tem sistemas VTS a funcionar. Os pescadores desejam, ainda, o reforço das acções de formação e sensibilização na área de segurança, nomeadamente «aquando da fiscalização das condições de navegação, apontando para que a mesma seja feita com a presença de todos os tripulantes». Na altura, testar-se-iam os meios de socorro a bordo.

Os pescadores têm de acostumar-se a usar apropriados fatos de trabalho, coletes e jangadas, para além de obedecerem a outros preceitos. A existência de rebocadores de alto mar prontos a intervir e em número suficiente para cobertura de toda a costa foi outra lacuna assinalada. Conforme seria sublinhado, é na pesca que se encontram as mais elevadas taxas de sinistralidade e mortalidade no mundo do trabalho. Sobretudo «por falta de condições de segurança e devido à precariedade das mesmas».

Alfredo Mendes

Fonte do texto: Diário de Notícias -1-4-007





"Os acidentes no mar, muitas vezes traduzidos em naufrágios com perda de vidas dos nossos pescadores, motivou a realização de um participado seminário sob o tema em epígrafe que envolveu o Sindicato dos Pescadores do Norte, a Associação de Armadores de Pesca do Norte, a Apro-pesca, a Mútua dos Pescadores e a Associação Pró Maior Segurança no Mar, contando com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde.

Tal realizou-se, no passado sábado, no Salão Paroquial das Caxinas. Estiveram também presentes representantes da Secretaria de Estado e Direcção Geral das Pescas, Instituto Portuário e Marítimo, Comando Marítimo do Norte e Confederação Inter-Sindical Galega. E também os Deputados na Assembleia da República Lúcio Ferreira e Jorge Machado, do PS e CDU, os únicos partidos que corresponderam ao convite. Todas as intervenções se centraram na premência da melhoria dos equipamentos de salvamento, nomeadamente a necessidade de meios aéreos eficientes e de barcos salva-vidas adequados, a par de uma maior formação dos homens do mar.

Ao meio-dia foi prestada uma sentida Homenagem aos pescadores vítimas de naufrágios, com um enorme Desfile Silencioso desde o Salão Paroquial até à Praia, onde o Padre Domingos Araújo enalteceu a actividade dos homens do mar e recordou aqueles que em situações dramáticas não puderam regressar a terra, tendo sido então lançadas flores ao mar simbolizando a eterna saudade pelos desaparecidos. Registe-se que, nos últimos 26 anos, em Portugal morreram 400 pescadores em consequência de naufrágios, dos quais 79 eram das Caxinas e Poça da Barca.

Interessante foi ainda a demonstração e simulação de meios de segurança, os quais evidenciaram o avanço da tecnologia nos dias de hoje."

Fonte do texto : Jornal de Vila do Conde 5-4-007








"Os pescadores querem reforço dos meios de salvamento e melhor coordenação entre as entidades. No encontro do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte (STPN), foi salientada a necessidade da formação e prestada uma sentida homenagem aos pescadores que perderam a vida no mar

Pescadores e armadores querem que o Governo tome um conjunto de medidas que passam pela entrada em funcionamento, 24 horas por dia, do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). Tal reforço só será possível, "com um aumento de, pelo menos, 200 funcionários, com formação específica". Trata-se de apenas uma de um conjunto de dez exigências feitas no último Sábado, num encontro promovido pelo STPN e que juntou, no Salão Paroquial das Caxinas, centenas de pessoas ligadas à pesca.

A correcta e eficaz coordenação dos meios marítimos e aéreos, da Marinha, Força Aérea e Protecção Civil, a existência de rebocadores de alto mar em permanência, com capacidade adequada e em número suficiente para cobertura de toda a costa, bem como a reactivação dos postos de rádio existentes nas delegações da Docapesca, fazem também parte do extenso rol de pretensões que os homens do mar querem que o Governo resolva a curto prazo.

Manuel Maio, proprietário do naufragado "Luz do Sameiro", referiu ao Póvoa Semanário que ainda há muito a fazer para melhorar as condições de trabalho e, para além dos meios humanos, é preciso também reforçar os meios de salvamento, "faz falta de tudo", sublinhou.

A necessidade da formação dos pescadores foi salientada por Cristina Moço, assistente social da Mútua dos Pescadores, frisando que "não basta ter meios é preciso saber usá-los" e acontece que "muitos pescadores não aprendem a utilizar determinados equipamentos que têm a bordo, o que impede o seu salvamento".

No encontro foi também defendida uma análise aprofundada das conclusões das auditorias às operações de salvamento e resgate realizadas na sequência dos acidentes com os barcos ‘Salgueirinha’ e ‘Luz do Sameiro’. Esta reivindicação, "mais do que apurar as devidas responsabilidades", pretende, segundo o sindicato, criar condições para que sejam "corrigidos falhas e erros".

Um dos pontos mais marcantes, em termos emotivos, nesta iniciativa foi a homenagem às vítimas de naufrágios, que teve lugar junto ao portinho das Caxinas e em que participaram centenas de pessoas.

Pescadores, familiares, amigos e entidades oficiais rumaram até à praia e, após uma pequena cerimónia religiosa, atiraram flores ao mar. Elsa Pereira, 61 anos, a quem o mar "levou, há uns anos, um filho e alguns primos" salientou que "a morte deixa uma dor que nunca mais se apaga".

Também Virgínia Pontes lembrava a madrugada do dia 19 de Outubro de 2004, quando perdeu seis familiares, no naufrágio do ‘Salgueirinha’ à entrada do porto de Aveiro. Esta homenagem foi encarada com "tristeza", mas também satisfação pelo sindicato se ter lembrado destes homens. A dor é atenuada, em parte, porque "quando alguém morre, não chora só um, choramos todos".

Iracema Eusébio lamentou o facto de o mar "ser traiçoeiro", mas é um destino a que não podem fugir, pois "este é o nosso modo de vida. Morremos com ele, mas sem ele não sobrevivemos".

Fonte do texto: Póvoa Semanário - 5-4-007





As fotografias aqui expostas foram retiradas do website do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca Norte (onde se podem ver mais imagens do Seminário), com a excepção da fotografia posicionada mais acima de todas as outras, que é da minha autoria (não é muito nítida, mas era o melhor que a máquina que dispunha no momento podia captar) e das duas fotografias mais abaixo que são do "Jornal de Vila do Conde.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?