quinta-feira, janeiro 04, 2007

Mestre José Festas desloca-se a Lisboa com abaixo-assinado

"O mestre de uma embarcação de pesca de Vila do Conde desloca-se quinta-feira à Presidência da República para entregar um abaixo-assinado por melhores condições de segurança, após o naufrágio de um barco sexta-feira na Nazaré.

Em declarações à agência Lusa, o mestre José Festas afirmou que preside a uma comissão designada "pró-segurança maior dos homens do mar", criada após o naufrágio de sexta-feira na Nazaré, para reclamar mais meios de vigilância e socorro. Segundo José Festas, o documento tem "400 assinaturas de mestres que representam 10.000 pescadores". O abaixo-assinado é também subscrito pelos presidentes das câmaras municipais de Vila do Conde e Póvoa de Varzim e respectivas juntas de freguesia.

Este documento exige mais homens nos salva-vidas, 24 horas por dia, melhores salva-vidas, "como na vizinha Espanha", meios aéreos "necessários 24 horas por dia", prontos a actuar, pessoal no controlo em permanência, a criação de postos de salvamento ao longo de toda a costa com pessoas especializadas e com todos os meios necessários para se efectuarem os salvamentos e a construção de pelo menos três barcos salva-vidas para vigiarem o mar de Norte a Sul do país. Entre os signatários estão também a Associação de Armadores de Pesca do Norte (AAPN), Associação Agropesca, Mútua de Pescadores e Sindicato dos Trabalhadores de Pesca do Norte.

Após o naufrágio na Nazaré, na sexta-feira passada, três pescadores foram encontrados mortos e outros três continuam desaparecidos, tendo sido resgatado apenas um tripulante com vida. O caso tem estado a motivar críticas no âmbito do socorro por parte de pescadores, familiares, sindicatos e autarcas.

A Marinha não reage às críticas, mas destaca que não foi enviado qualquer aviso de emergência pelos pescadores, tendo apenas sido transmitida uma informação da bóia de rádio-baliza, a identificar o barco pelo nome, mas sem a localização. Em declarações à agência Lusa, o comandante Braz de Oliveira explicou tratar-se de um sinal automático emitido pelo barco, o que significa que a embarcação "já estava em muitos apuros". "Ao contrário do que as pessoas possam pensar, o facto de estar muito perto de terra coloca os pescadores na zona de maior perigo", indicou.

Segundo o comandante, o resgate foi ainda dificultado por redes que se encontravam espalhadas naquela zona e a única hipótese era o recurso ao helicóptero, que foi accionado. O comandante adiantou que ao nível de meios, estão em construção no Alfeite três novas lanchas para o Instituto de Socorros a Náufragos e que toda a costa portuguesa está protegida no âmbito das capitanias.

A Marinha tem o Centro de Busca e Salvamento, que faz o emprego dos meios e tem meios de grande porte que estão permanentemente no mar, acrescentou, ressalvando que este caso teve a particularidade de se verificar perto de terra, o que não é sinónimo de facilidade, nomeadamente devido à rebentação das ondas. "Quantas vezes as pessoas estão a afogar-se na praia e não as conseguimos salvar?", questionou.

Um sindicato de pescadores açorianos acusou hoje os sucessivos governos da República de falta de investimento na segurança marítima e vigilância do mar português e considerou deficiente a operação de salvamento do barco que naufragou na Nazaré.

O barco de pesca "Luz do Sameiro", naufragado na Praia da Légua, a Norte da Nazaré, deverá ser ainda hoje transportado por terra para o porto desta vila piscatória. O barco foi retirado da água hoje de madrugada, após várias tentativas.

A Câmara de Peniche defendeu terça-feira que os portos de pesca devem ser dotados de meios de socorro modernos e céleres, associando-se a pescadores que também fazem aquela exigência ao Governo. Durante as operações de resgate do barco foram usadas máquinas de rasto para retirar as redes que se encontravam junto à embarcação e que, a par das condições adversas do estado do mar nos últimos dias, contribuíram para aumentar as dificuldades do resgate da embarcação.

A comunidade piscatória de Caxinas, Vila do Conde, interrompeu a faina terça-feira, só a retomando hoje, em homenagem aos colegas e em protesto pelo que consideraram ineficácia dos meios de socorro. "Queremos prestar homenagem aos colegas mortos, mas também chamar a atenção para a falta de meios de socorro no mar", disse à Lusa José Meireles, do Sindicato dos Trabalhadores de Pesca do Norte.

As operações de resgate do barco tiveram de ser suspensas terça-feira ao final da manhã, após rebentar um cabo de aço que puxava a embarcação para terra e que havia sido amarrado por mergulhadores. O mau estado do mar foi outro obstáculo à operação de remoção do barco, uma vez que segunda-feira se verificava ondulação violenta e correntes fortes, que impediam a continuação dos trabalhos."

Fonte: RTP /LUSA - 3-1-007




"Hoje de manhã, o “Luz do Sameiro”, que naufragou na sexta-feira, foi finalmente resgatado ao mar. Os responsáveis pela operação entraram no navio, mas não encontraram a bordo qualquer corpo, apesar das expectativas. À volta do barco foi aberta uma vala, na qual o barco deverá flutuar quando a maré voltar a encher. O objectivo é fazê-lo flutuar para fora da zona de influência das marés, para depois ser transportado para o porto da Nazaré e ser rebocado para o estaleiro local. Toda esta operação deverá prolongar-se durante muitas horas – os responsáveis admitem mesmo três ou quatro dias até que o navio saia da praia.

Neste naufrágio perderam a vida três tripulantes, de Vila do Conde. Os funerais estão marcados para hoje, às 15 horas, nas Caxinas, um bairro de pescadores daquele concelho. Os sentimentos estão ao rubro e os pescadores criticam a falta de meios de socorro. Para que as suas reivindicações cheguem a quem de direito, já amanhã um representante da comissão entretanto constituída viaja até Lisboa, onde pretende ser recebido pelo Presidente da Republica e pelo Primeiro-ministro.

Embora as audiências não estejam marcadas, José Festas garante à Renascença que, a não ser recebido, se seguirá a maior manifestação de pescadores de todos os tempos. “Eles têm que me receber, porque estamos a falar de vidas humanas, de mortes, uma morte vale milhões de contos e 25 milhões de reuniões adiadas”, diz. “Eu tenho que ser recebido, a bem ou a mal, porque, se não for recebido, garanto que haverá a maior manifestação que Portugal já viu. Estamos a falar de pelo menos cinco mil pessoas, só a norte”, reforçou."

Fonte: Rádio Renascença - 3-1-007

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