quarta-feira, janeiro 10, 2007

Encontrado o corpo de Inácio Maio, o mestre da embarcação do "Luz de Sameiro"

O corpo do mestre da embarcação ‘Luz do Sameiro’, que naufragou na praia da Légua há 12 dias, foi encontrado e retirado do mar ontem de manhã, na praia da Falca, poucos quilómetros a sul do local do acidente.

A Polícia Marítima foi alertada por um pescador, que viu o cadáver junto da rebentação, pelas 10h30, e retirado da água com a ajuda dos Bombeiros Voluntários da Nazaré. Estava em adiantado estado de decomposição e quase irreconhecível.

O corpo foi transportado para a morgue do Hospital de Santo André, em Leiria, e, a meio da tarde, viria a ser reconhecido por familiares, através de uma tatuagem no braço direito com o seu nome e por uma peça de roupa. “É o Inácio Maio, o meu filho e mestre da embarcação. Vi pelo nome escrito no braço”, disse ao CM Manuel Maio, armador da ‘Luz do Sameiro’, adiantando que a camisa que trazia vestida também foi identificada pela nora.

Manuel Maio regressou a Caxinas, Vila do Conde, onde reside, logo após o reconhecimento do corpo, por forma a preparar as exéquias fúnebres. “É um pesadelo que parece nunca mais ter fim”, disse, com a voz embargada pela tristeza de quem se despede de um filho.

O naufrágio do pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ ocorreu a 50 metros do areal, junto à praia da Légua, no concelho de Alcobaça, na madrugada do dia 29 de Dezembro, e causou a morte a seis pescadores, dois dos quais ainda estão desaparecidos. Todos residiam em Caxinas. Apenas se salvou um dos tripulantes, o ucraniano Vasyl Hurny, de 46 anos, cozinheiro na embarcação, que foi retirado por um helicóptero da Força Aérea.

No dia do acidente foram recuperados os corpos dos pescadores Fernando Cartucho, Ricardo Marques e José Viana. Falta ainda resgatar os cadáveres de João Cartucho e de José Ferreira. As buscas para encontrar os dois pescadores desaparecidos continuam a ser feitas, por via terrestre, por elementos da Polícia Marítima, que percorrem o areal, para Norte e Sul, em moto-quatro e em jipes.


Embarcação terá de ser desmantelada.
O pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ deverá ser desmantelado no local onde se encontra – junto à falésia da praia da Légua – por a sua recuperação ser demasiado cara. Segundo apurámos, os orçamentos dos estaleiros navais apontam para valores superiores a 250 mil euros, o que deverá inviabilizar a sua reparação. O pesqueiro tem seis anos e estava avaliado em 450 mil euros.

Segundo Paulo Macedo, responsável pela operação de remoção, o barco de Vila do Conde apresenta danos consideráveis no casco e na estrutura, e nos equipamentos electrónicos de navegação. A operação para remoção do pesqueiro para junto da falésia da praia da Légua só ontem ficou concluída, após três dias de trabalho intenso para o levar para longe do mar, com recurso a uma plataforma especial.

Correntes dificultam buscas
As buscas para encontrar os corpos dos pescadores estão a ser dificultadas pelas várias correntes, que se cruzam na zona, e a cada dia que passa aumentam as possibilidades de não virem a ser recuperados os corpos. A Polícia Marítima está a seguir os mapas do Instituto Hidrográfico para fazer as buscas, que têm em conta as correntes de maré (provocadas pela maré alta e maré baixa), de vento e ondulação (que empurram o que está à superfície) e as correntes submersas (onde a água circula livremente), cuja acção tem de ser conjugada.

“A agravar esta imprevisibilidade, verifica-se que os corpos se afundam, após o afogamento, e só ao fim de alguns dias (consoante a temperatura da água, por exemplo) ganham flutuabilidade”, diz o comandante Braz de Oliveira, porta-voz da Marinha de Guerra Portuguesa. A tendência das correntes no local do naufrágio é para arrastar os corpos para norte, mas a existência de um fundão ali perto provoca um comportamento imprevisível das correstes marítimas. Alguns materiais e equipamentos do pesqueiro, como os coletes de salvação, também foram encontrados um pouco a norte da praia da Légua, local do naufrágio do pesqueiro ‘Luz do Sameiro’.

O ministro da Defesa está a analisar os relatórios sobre o socorro aos tripulantes do pesqueiro, elaborados pela Força Aérea e Marinha de Guerra. Os funerais dos primeiros três pescadores a serem resgatados realizaram-se na quarta-feira passada"

Fonte: Correio da Manhã - 9-1-007

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?