quarta-feira, janeiro 10, 2007
Encontrado o corpo de Inácio Maio, o mestre da embarcação do "Luz de Sameiro"
O corpo do mestre da embarcação ‘Luz do Sameiro’, que naufragou na praia da Légua há 12 dias, foi encontrado e retirado do mar ontem de manhã, na praia da Falca, poucos quilómetros a sul do local do acidente.
A Polícia Marítima foi alertada por um pescador, que viu o cadáver junto da rebentação, pelas 10h30, e retirado da água com a ajuda dos Bombeiros Voluntários da Nazaré. Estava em adiantado estado de decomposição e quase irreconhecível.
O corpo foi transportado para a morgue do Hospital de Santo André, em Leiria, e, a meio da tarde, viria a ser reconhecido por familiares, através de uma tatuagem no braço direito com o seu nome e por uma peça de roupa. “É o Inácio Maio, o meu filho e mestre da embarcação. Vi pelo nome escrito no braço”, disse ao CM Manuel Maio, armador da ‘Luz do Sameiro’, adiantando que a camisa que trazia vestida também foi identificada pela nora.
Manuel Maio regressou a Caxinas, Vila do Conde, onde reside, logo após o reconhecimento do corpo, por forma a preparar as exéquias fúnebres. “É um pesadelo que parece nunca mais ter fim”, disse, com a voz embargada pela tristeza de quem se despede de um filho.
O naufrágio do pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ ocorreu a
No dia do acidente foram recuperados os corpos dos pescadores Fernando Cartucho, Ricardo Marques e José Viana. Falta ainda resgatar os cadáveres de João Cartucho e de José Ferreira. As buscas para encontrar os dois pescadores desaparecidos continuam a ser feitas, por via terrestre, por elementos da Polícia Marítima, que percorrem o areal, para Norte e Sul, em moto-quatro e em jipes.
Embarcação terá de ser desmantelada.
O pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ deverá ser desmantelado no local onde se encontra – junto à falésia da praia da Légua – por a sua recuperação ser demasiado cara. Segundo apurámos, os orçamentos dos estaleiros navais apontam para valores superiores a 250 mil euros, o que deverá inviabilizar a sua reparação. O pesqueiro tem seis anos e estava avaliado em 450 mil euros.
Segundo Paulo Macedo, responsável pela operação de remoção, o barco de Vila do Conde apresenta danos consideráveis no casco e na estrutura, e nos equipamentos electrónicos de navegação. A operação para remoção do pesqueiro para junto da falésia da praia da Légua só ontem ficou concluída, após três dias de trabalho intenso para o levar para longe do mar, com recurso a uma plataforma especial.
Correntes dificultam buscas
As buscas para encontrar os corpos dos pescadores estão a ser dificultadas pelas várias correntes, que se cruzam na zona, e a cada dia que passa aumentam as possibilidades de não virem a ser recuperados os corpos. A Polícia Marítima está a seguir os mapas do Instituto Hidrográfico para fazer as buscas, que têm em conta as correntes de maré (provocadas pela maré alta e maré baixa), de vento e ondulação (que empurram o que está à superfície) e as correntes submersas (onde a água circula livremente), cuja acção tem de ser conjugada.
“A agravar esta imprevisibilidade, verifica-se que os corpos se afundam, após o afogamento, e só ao fim de alguns dias (consoante a temperatura da água, por exemplo) ganham flutuabilidade”, diz o comandante Braz de Oliveira, porta-voz da Marinha de Guerra Portuguesa. A tendência das correntes no local do naufrágio é para arrastar os corpos para norte, mas a existência de um fundão ali perto provoca um comportamento imprevisível das correstes marítimas. Alguns materiais e equipamentos do pesqueiro, como os coletes de salvação, também foram encontrados um pouco a norte da praia da Légua, local do naufrágio do pesqueiro ‘Luz do Sameiro’.
O ministro da Defesa está a analisar os relatórios sobre o socorro aos tripulantes do pesqueiro, elaborados pela Força Aérea e Marinha de Guerra. Os funerais dos primeiros três pescadores a serem resgatados realizaram-se na quarta-feira passada"