quarta-feira, novembro 15, 2006

Novas medidas que vão agravar a já difícil situação dos Pescadores das Caxinas!

"O encerramento das quotas de pescada e de tamboril vai afectar sobretudo as Caxinas e a Póvoa de Varzim. O dirigente do Sindicato das Pescas do Norte acusa o Governo de não acautelar interesses e admite que alguns pescadores poderão recorrer ao mercado paralelo.

O Sindicato das Pescas do Norte culpa o Governo pelo encerramento, quase imediato, das quotas de pescada e de tamboril, duas das espécies com maior interesse comercial. Odirigente sindical António Macedo adiantou que os pescadores das Caxinas, em Vila do Conde, e da Póvoa de Varzim serão os mais afectados no Norte. Em Matosinhos também os efeitos se farão sentir, uma vez que é a lota principal de descarga daqueles peixes. O responsável explicou que a pescada e o tamboril são das pescas que “mais contribuem para as receitas”, pelo que se adivinham tempos difíceis. Questionado sobre se alguns pescadores se irão mesmo ver encurralados e acabar por amarrar as frotas ao cais, António Macedo declarou não acreditar muito nesse cenário. Porém, admitiu, “creio que muitos vão optar por vender no mercado paralelo o que com certeza irá criar problemas e desestabilizar”.

Como alternativa, os pescadores de Caxinas e da Póvoa têm espécies de fundo como o robalo, a faneca, a dourada e o linguado que são pescados nas redes de emalhar como a pescada e o tamboril. O dirigente do Sindicato das Pescas do Norte lembra que apesar da imposição de fecho das quotas surgir com objectivos de preservação dos recursos, “no caso dos arrastões será difícil precaver que não se capturem aquelas espécies”. “Terão de rejeitar o pescado e o tamboril morto e que acaba por não ter qualquer aproveitamento”, regista, considerando a situação um “contra-senso”. Na pesca através dos arrastões há uma concentração maior de pescadores em Aveiro, Gafanha e Matosinhos que pescam outras espécies como o carapau.


No País
O Governo não acautelou os nossos interesses na discussão das quotas impostas pela Europa”, criticou. António Macedo afirma ainda que no que respeita ao Norte, “não só o Governo não tem prevenido certas situações como temos um conjunto de arrastões portugueses cujo capital é espanhol. Eles vendem o peixe aqui e em Espanha e acabam por utilizar as nossas quotas”, denunciou.

A Associação dos Armadores das Pescas Industriais (ADAPI) foi quem alertou anteontem que as quotas da pescada e do tamboril estavam a 100 por cento. Estes responsáveis dizem – numa carta endereçada ao ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Jaime Silva, e divulgada publicamente – que o sector recebeu a notícia na quinta-feira. Na missiva, o conselho directivo da ADAPI garante que a restrição “acarretará incapacidade objectiva para gerir operacional e economicamente importantes segmentos da frota nacional” que, acreditam, parte da qual vai ter de ficar em terra “sem alternativas viáveis que permitam articular o óbvio respeito que a medida impõe e o exercício de uma pesca que não degrade ainda mais a situação dramática que as empresas enfrentam”.


Má gestão da DGPA
A ADAPI acusa, neste contexto, a Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura (DGPA) de má gestão no acompanhamento da quota de pescada. “Numa 1.ª fase foi recusada a segmentação da quota por Associações de Armadores, o que teria induzido uma gestão mais ordenada da pescaria, impeditiva de que a quota esgotasse tão precocemente”, pode ler-se na carta, que acrescenta ainda que “no dia 13-10-2006 o sector foi informado de que a quota estava utilizada a 70 por cento, julgando saber que após essa data foi feita uma permuta com França que acrescentou à quota nacional 120 toneladas de pescada”. A ADAPI refere não compreender, tendo em conta as circunstâncias, como o esgotamento foi tão rápido, ou seja, foram gastos os 30 por cento que ainda restavam da quota portuguesa e as toneladas cedidas pelos gauleses: “Estamos a falar de mais de 700 toneladas de uma espécie que regista capturas diárias de 6 toneladas”. A única forma que Portugal poderá ter de contornar a actual situação será a de pedir transferência de quotas a outros países ou então solicitar à União Europeia a antecipação de 10 por cento da quota do ano seguinte."

Eduarda Vasconcelos

Fonte: O Primeiro de Janeiro - 11-11-006

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