sábado, agosto 05, 2006

Pescadores voltam ao mar após greve de 3 dias.

"Os pescadores da Póvoa, Vila do Conde e Matosinhos estiveram em greve durante três dias. Na quinta-feira passada [27 de Julho] foram recebidos pelo secretário de Estado das Pescas e, dada a “receptividade” aos seus problemas, os homens da pesca resolveram voltar ao mar.

Os armadores de pesca artesanal que bloquearam a Docapesca de Matosinhos, na noite da penúltima terça-feira, decidiram interromper o protesto e regressar à faina na última quinta-feira, depois de o secretário de Estado das Pescas, Luís Vieira, se ter comprometido a encomendar um estudo sobre os recursos pesqueiros da costa nacional e, mediante os resultados, decidir se será possível ou não mudar a lei sobre a dimensão das redes.

António Pontes, da Associação de Armadores de Pesca do Norte, afirmou ter saído da reunião satisfeito com os compromissos assumidos e decidido a regressar imediatamente ao mar, dada a "receptividade" e a "maneira como os pescadores foram recebidos pelo governante e o facto de terem-nos prometido estar atentos à nossas preocupações". De acordo com este dirigente da AAPN, os elementos do governo prometeram "fazer tudo o que podiam" para ajudar os homens da pesca "o mais rápido possível".

Quanto à alegada perseguição aos barcos por parte da Marinha, uma das acusações feitas pelos manifestantes, o Ministério da Agricultura adiantou que nos últimos dois meses e na região Norte foram feitas 31 inspecções. Só em nove casos foram detectadas irregularidades nas redes (na dimensão e na malhagem) e cinco estavam a pescar sem as licenças necessárias.

Além das dimensões das redes, António Pontes adiantou ainda que o Governo se comprometeu a estudar outros problemas dos pescadores, como o preço do gasóleo e uma linha de crédito que havia sido anunciada recentemente.

Segundo António Pontes, foi dada a informação de que existe uma comissão de trabalho que há muito analisa este assunto do preço do gasóleo, pelo que entende que "os pescadores devem ficar solidários com este grupo de trabalho" e aguardar conclusões. Pontes entende que em breve deveria ser feito um "debate entre todas as associações do sector a nível nacional" para abordar diferentes pontos de vista sobre a questão do preço do gasóleo.

No que respeita à lei da dimensão das redes, António Pontes garante que o secretário de Estado prometeu fazer "um estudo para que a lei vá de encontro às reivindicações dos pescadores", mas não quis adiantar o tipo de reivindicações já que foram "considerações que ficaram em cima da mesa e ainda vão ser estudadas pelo governo". Pontes explicou que "o grupo de trabalho deverá ouvir as associações e só depois tentar organizar um consenso" partindo para a reformulação da legislação.

José Calais, dirigente da Apropesca, reclama que "os pescadores não podem aguentar mais com este preço do gasóleo, até porque a pesca está muito em baixo e o preço do gasóleo está em cima". Assim, não é de estranhar, de acordo com Calais, que os pescadores "exagerem um pouco nas malhagens permitidas, pelo menos ao fim-de-semana, no sentido de poderem conseguir o sustento para os filhos". O que é certo é que a fiscalização tem vindo a apertar, trazendo apreendidas para terra diversas embarcações desta região, o que levou a esta revolta, porque os pescadores sentiam-se "injustiçados". Segundo José Calais, dada a "evolução das embarcações desta região", torna-se necessário rever urgentemente as dimensões das artes de pesca para que haja mais rentabilidade no sector."

Fonte : Póvoa Semanário

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